Vou atrás do farol, vou por onde
Até onde ele me puxa e vai
Ele conduz e é ele a pensar
Na escapatória no derrapar
Das tuas mãos soltas dos meus flancos
A ficarem p’ra trás sem sequer um adeus.
Desembarcar não precisa de mar, basta uma atitude
Desembarcaste algures e não por minha mão.
Por mim posso sempre travar e aguardar
O hastear do sol
O inflamar dos vidros na labareda
Sobre aldeias rápido invisíveis
Até posso ficar-me por aqui
A vaguear até que a vida aperte
E a saudade recobre da anestesia.
Posso, se a sorte o decidir
Deslizar a encosta em ponto-morto
Ou gemer em primeira ao encontro
Do corta-fogo por desvendar
Ferida entre o verde por rasgar
Onde só águas erram no inverno.
Foi-se abaixo, as tuas mãos ficaram lá atrás
Lá onde o teu rosto me perdeu na noite
Lá onde a lembrança ainda me chama
A beber do teu corpo entrelunar.
Pouco mais resta que dormir, acordar
sentir o ramo mais alto a cantar
À ternura do vento.
Canta p’ra mim que não tenho que diga
Fez-se manhã, é pouca a gasolina
Apenas faço por seguir a luz.
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